quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Matéria - Jornal O Povo






















Confira a Matéria do Jornal O Povo que contou com a participação do diretor do Grupo ACD José Meireles, que contribuiu com seus mais de 15 anos de negociações bem sucedidas com a China em diversas passagens do texto. Vale a pena conferir!

Ameaças do dragão

Fonte: O POVO Online/OPOVO/Economia

Afetados por problemas na concorrência com os produtos chineses, empresários cearenses decidem buscar oportunidades na segunda maior economia do planeta


A segunda maior economia do planeta e, atualmente, maior parceiro comercial do Brasil, ainda provoca sentimentos de medo, revolta e admiração entre os empresários e economistas cearenses. Com suas atitudes polêmicas no mercado internacional, a China consegue obter as mais diversas reações, menos a apatia. É o caso de empresários cearenses da indústria de confecções, calçados e metalmecânica, entre outros, que integram uma missão àquele país, este mês, promovida pelo Centro Internacional de Negócios (CIN), da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), em busca de oportunidades para seus negócios.


Na opinião do presidente do Sindicato das Indústrias de Confecção de Roupas e Chapéus de Senhora do Estado do Ceará (Sindconfecções), Marcus Venícius Rocha Silva, a China é um dos fatores que estão contribuindo para a “desindustrialização” do País, devido à concorrência desleal na oferta de seus produtos. Ele diz que o grande erro do governo brasileiro foi ter admitido, em 2007, a China como parceiro comercial.


“Um funcionário da indústria de lá recebe em média US$ 60 por mês, para trabalhar de segunda a sábado, de 10 a 12 horas diárias, o que dá cerca de 60 horas semanais. Enquanto aqui, uma costureira trabalha em média 40 horas semanais e ganha cerca de US$ 400, sem contar com os benefícios como salário-família, cesta básica, entre outros, que aqui tem e lá não. Como se pode dizer que um país desse é uma economia de mercado? Não tem como competir. Sem falar na moeda, que é desvalorizada de forma artificial”, reclama.


Em relação à “desindustrialização”, ele cita levantamentos da balança comercial, apontando que a indústria brasileira, a cada ano participa menos do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. “Em 2005, a participação da indústria no PIB era de 38%. Hoje, não passa de 26%”. Marcus Venícius afirma ainda que as empresas mais afetadas por esse fenômeno são as pequenas e médias empresas, porque são as que forneciam mercadorias para as grandes redes, que, nos últimos anos, passaram a importar produtos chineses.


Para o diretor da Câmara de Dirigentes Lojistas de Fortaleza (CDL) e presidente da Ação Novo Centro, Riamburgo Ximenes, o produto chinês, entrando no País dentro da legalidade, não é totalmente nocivo, pois serve para regular e fazer competição no mercado interno. “Hoje, a nossa competição é mundial. O produto brasileiro tem que ter competência para fazer frente aos importados. Metade dos produtos das grandes lojas de confecções, como C&A, Renner e outras, são chineses”, afirma.


Em relação à qualidade, ele diz que entre os importados chineses não há mais aquela pecha de que todo produto da China é ruim, pois, há tênis produzidos em fabriquetas, com material de péssima qualidade e vendidos no Brasil a R$ 10,00 o par. Mas, há também os tênis fabricados pela Nike, instalada na China, vendidos aqui ao preço de R$ 600,00 em média. “É óbvio que o bom mesmo seria produzir no Brasil, gerando imposto e emprego aqui. Mas, hoje estamos dentro de uma realidade que não tem volta. Então, o empresário brasileiro precisa ter criatividade e usar outras armas. O preço não é a única arma, existem outros fatores a serem explorados”, diz.


Marcus Venícius diz que, para enfrentar esse tipo de concorrência, o setor está realizando pressões junto ao Congresso Nacional, por meio da criação, no mês passado, de uma frente parlamentar em defesa da indústria têxtil e de confecção. A iniciativa é da Confederação Nacional da Indústria (CNI), juntamente com a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT). “É um movimento no Congresso para sensibilizar o governo do Brasil a fazer proteções para a indústria nacional”, explica.

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