segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Delta do Rio das Pérolas em grande transformação


Transformar o Delta do Rio das Pérolas na mais dinâmica região da Ásia até 2020. Este é a ideia base das “Linhas Gerais do Planeamento para a Reforma e Desenvolvimento da Região do Delta do Rio das Pérolas 2008-2020”. Trinta anos após o início da política de reforma e abertura, a China prepara-se para dar um novo impulso ao desenvolvimento da região que foi o motor para o crescimento econômico nacional.

Trinta anos de reformas econômicas transformaram o Delta do Rio das Pérolas na fábrica do mundo. Em três décadas, uma economia rural deu lugar a milhares de unidades industriais que produzem têxteis, brinquedos e equipamentos electrónicos para exportação.
Agora é chegada a altura de uma nova transformação que deverá mudar a face económica desta região ao longo da próxima década. Guangdong vai deixar de ser um centro de produção de baixo custo para se assumir, até 2020, como uma potência económica capaz de competir nos mercados internacionais e de resistir a crises financeiras como a actual.
Até ao final da segunda década do século XXI, o Delta do Rio das Pérolas deverá investir na inovação, alta tecnologia, prestação de serviços e no sector financeiro.
O plano foi aprovado pelo Conselho de Estado que, no último dia de 2008, decidiu dar um novo rumo ao desenvolvimento do Delta do Rio das Pérolas, zona que abrange a província de Guangdong e as regiões administrativas especiais de Macau e Hong Kong. Uma semana depois, o documento era publicado pelo Conselho Estatal para o Desenvolvimento e Reforma, permitindo compreender a escala da transformação proposta por Pequim.
O documento intitulado “Linhas Gerais do Planeamento para a Reforma e Desenvolvimento da Região do Delta do Rio das Pérolas 2008-2020” define esta zona como uma espécie de balão de ensaio para aprofundar a reforma da economia nacional e permitir uma maior abertura o mundo.
O Delta do Rio das Pérolas está hoje a sofrer os efeitos da crise financeira internacional e, em particular, a desaceleração dos tradicionais mercados de exportação. Por isso, o plano de Pequim prevê precisamente uma alteração do modelo económico permitindo que Guangdong deixe de depender em tão larga medida das exportações e passe a ser um “centro de inovação”.
O plano compreende a criação, até 2011, de cerca de cem laboratórios estatais para a inovação na área da engenharia, bem como da pesquisa e do desenvolvimento. Em 2012, deverão estar a funcionar entre três a cinco centros de desenvolvimento de alta tecnologia, cujo objectivo é gerarem 100 mil milhões de renminbis em produção industrial. A meta é conseguir que, em 2020, as indústrias de alta tecnologia representem, pelo menos, 30 por cento do produto do Delta do Rio das Pérolas.
Pequim entende que a continuação do desenvolvimento de Guangdong é essencial para a saúde económica nacional. O Delta do Rio das Pérolas e o Delta do Rio Yangtze constituem apenas 2,6 por cento da área da China, mas representam cerca de 30 por cento do produto interno bruto e cerca de 40 por cento do total das receitas fiscais.
Para manter a dinâmica de Guangdong, é fundamental uma maior integração com as regiões administrativas especiais de Macau e Hong Kong. É nesse âmbito que se insere a construção da ponte que está avaliada em cerca de 40 mil milhões de renmimbis e que permitirá uma redução do tempo de viagem e dos custos de movimentação entre as duas margens do Rio das Pérolas.

Reforço com Hong Kong
O reforço das relações entre Macau e Hong Kong é considerado vital para o sucesso do processo de Reforma e Desenvolvimento da Região do Delta do Rio das Pérolas 2008-2020. Em Fevereiro passado, o secretário para a Economia e Finanças, Francis Tam, esteve em Hong Kong para a segunda reunião de cooperação ao mais alto nível entre as duas regiões administrativas especiais da República Popular da China. O interlocutor de Francis Tam foi o homólogo de Hong Kong, o secretário das Finanças, John Tsang.
Francis Tam defendeu que os dois governos devem realizar esforços conjuntos para enfrentar o impacto da crise financeira internacional e manter a estabilidade e desenvolvimento económico regional, bem como promover a cooperação bilateral em diversas áreas.
O secretário para a Economia e Finanças lembrou que o programa define claramente a cooperação estreita entre Guangdong, Hong Kong e Macau, principalmente no que diz respeito à articulação no domínio das grandes infra-estruturas regionais, bem como o seu reforço na área industrial e de melhoria da qualidade de vida da população, a par do aperfeiçoamento em termos da inovação.
“A divulgação e o implementação do referido programa é um factor muito favorável e uma oportunidade rara para reforçar a cooperação de Guangdong, Hong Kong e Macau” defendeu Francis Tam que afirmou que o Governo de Macau vai “planear as disposições e tomar medidas pragmáticas e eficazes para lhe dar resposta”.

Francis Tam adiantou que Macau vai participar nos projectos de cooperação relacionados com o desenvolvimento integrado de grandes infra-estruturas inter-regionais, dos sectores de turismo, exposições, convenções e serviços logísticos e da Ilha de Montanha, de melhoria da qualidade de vida da população e na definição conjunta do plano de desenvolvimento regional.

Geografia e números
O Delta do Rio das Pérolas inclui as cidades de Guangzhou, Shenzhen, Zhuhai, Foshan, Jiangmen, Dongguan, Zhongshan, Huizhou e Zhaoqing, além das regiões administrativas especiais de Macau e Hong Kong.
A economia enfrenta grandes dificuldades e Guangdong cresceu apenas 10,1 por cento no ano passado quanto em 2007 tinha crescido 14,7 por cento. O crescimento das exportações foi de apenas 5,6 por cento, quatro vezes menos do que em 2007.
Só no ano passado fecharam portas 62.400 empresas que levaram a que 600 mil trabalhadores migrantes tenham regressado às províncias de origem.
O Delta do Rio das Pérolas representa 10 por cento do produto interno bruto da China e gera 80 por cento do produto de Guangdong. A região emprega 30 milhões de trabalhadores migrantes, o que representa cerca de um quarto desta população a nível nacional.
O Delta do Rio das Pérolas é já a terceira maior área metropolitana do mundo, logo atrás de Nova Iorque e Tóquio, ficando à frente de Londres. Se Guangdong, Macau e Hong Kong fossem consideradas como uma única entidade económica, o seu produto interno bruto seria o quarto maior da Ásia, logo a seguir ao Japão, Coreia do Sul e Índia.

Fonte: http://br4.in/77V74



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