quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Setor Têxtil: déficit de US$ 1,5 bilhão no primeiro semestre

No primeiro semestre de 2010, as exportações brasileiras da cadeia têxtil e de confecção, desconsideradas as fibras de algodão, contabilizaram US$ 675 milhões que equivale a 143 mil toneladas apresentando um crescimento de 20%, em valor, e 7,2%, em volume, comparadas ao mesmo período do ano anterior.

No mesmo período, as importações brasileiras contabilizaram US$ 2,25 bilhões e 558 mil toneladas apresentando crescimento de 40,2%, em valor, e 63,3%, em volume. Como resultado, a balança comercial do setor fechou o primeiro semestre do ano com déficit de US$ 1,5 bilhão contra US$ 972 milhões registrados no primeiro semestre do ano passado. Mantidas as mesmas condições, o setor têxtil e de confecção deverá fechar o ano de 2010 com mais de US$ 3,5 bilhões de déficit em sua balança comercial.

Segundo estudos do BNDES, relacionando valor de produção e empregos, este déficit equivale a não geração de pelo menos 135 mil postos diretos de trabalho no Brasil. “Os números da balança comercial mostram que mesmo com uma taxa de câmbio desfavorável à exportação, o setor tem se esforçado para manter e expandir seus mercados externos, agregando valor aos seus produtos, através, principalmente, de significativos investimentos em tecnologia, inovação, design, moda e serviços oferecidos aos clientes”, explica Aguinaldo Diniz Filho, presidente da ABIT (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção).

Os números também mostram que o mercado internacional , embora tenha apresentado reação positiva, ainda não retornou os níveis pré-crise, o que dificulta ainda mais o desenvolvimento das vendas externas do setor. Por outro lado, essa lenta recuperação dos grandes mercados importadores continua gerando gigantescos excedentes produtivos, principalmente nos países asiáticos que buscam novos mercados a qualquer custo. “Está claro que o Brasil tem sido um dos estuários desses excedentes produtivos, dado seu grande mercado consumidor e o bom desempenho econômico dos últimos anos”, explica Diniz.

O agravante do resultado na balança comercial do setor reside no desequilíbrio e deslealdade com que os produtos importados concorrem com os fabricados no Brasil, já que os países exportadores, mais uma vez com destaque para os asiáticos, praticam regularmente o dumping cambial, ambiental, social e trabalhista. Como se não bastasse, ainda contam com subsídios governamentais para produção e exportação.

“Neste sentido, todo o foco da ABIT está voltado para a implementação da agenda de competitividade que envolve medidas voltadas para desoneração tributária, especialmente sobre os investimentos e a mão-de-obra, melhoria das linhas de financiamento, melhoria no treinamento e formação de profissionais, aperfeiçoamento do sistema de defesa comercial, assinatura de acordos internacionais com os grandes mercados consumidores, ações ligadas à inovação e meio-ambiente, entre outros”, comenta Aguinaldo.

Dados de junho

Somente em junho deste ano, os dados da balança comercial do setor têxtil e de confecção brasileiro apresentaram resultados alarmantes que muito preocupam os empresários que atuam no setor. O foco da preocupação está no segmento de vestuário, elo da cadeia produtiva de grande valor agregado e cujas atividades afetam todos os demais elos anteriores como fiações, tecelagens, malharias, etc.

No mês, as importações brasileiras de vestuário cresceram 88%, em volume, e 85% em valor, comparadas a junho de 2009, o que equivaleram a 4.650 toneladas e US$ 68 milhões. Das importações brasileiras de vestuário do primeiro semestre de 2010, 63% foram provenientes da China e apresentaram preço médio de US$ 12,65 kg, contra US$ 20,65 do resto do mundo, sendo o preço chinês 39% mais baixo do que a média dos preços dos outros países. Enquanto isso, as exportações brasileiras de vestuário, no primeiro semestre de 2010, tiveram uma média de preço de US$ 39,44 kg.

No agregado, a balança comercial do setor têxtil e de confecção apresentou, no mês de junho de 2010, déficit de US$ 280 milhões, resultado de exportações de US$ 115 milhões e importações de US$ 395 milhões. O déficit deste último mês foi 87% superior ao déficit registrado no mês de junho de 2009, fruto das importações que aumentaram 60%, crescimento mais expressivo que as exportações que aumentaram 19%. Mesmo comparando com o junho de 2008, ano que antecedeu a crise e que o mercado interno estava aquecido, houve aumento de importação de 24% e queda nas exportações de 18%.

Fonte: http://www.abit.org.br/site/noticia_detalhe.asp?controle=2&id_menu=20&idioma=PT&id_noticia=2631&#ancora



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