Por Corey Mull, para o Advertising Age*
Noah Brier, da Percolate,
recentemente escreveu no AdAge que “páginas de marcas no Facebook não são nada
diferentes da minha e, por fim, isto quer dizer que as marcas têm que atuar (e
criar conteúdo) como as pessoas nessas plataformas.”
A primeira parte é verdade:
marcas têm acesso ao mesmo status/update que os consumidores, e seus updates
vão para a mesma corrente dos amigos humanos reais dos clientes. Mas isso não
necessariamente significa que as marcas têm que agir – ou criar conteúdo –
exatamente como pessoas. Por quê? Marcas não são pessoas.
Indivíduos são organismos
complexos, produtos de dez milhões de anos de evolução. Marcas são dispositivos
inventados “recentemente” para ajudarem os consumidores a identificar um
produto e diferenciá-lo de seus concorrentes. Grande parte das pessoas, quando
se depara com marcas online, percebe que pode ter humanos associados a elas,
mas a marca em si não é humana.
“Mas por que não tentar tornar
minha marca o mais humana possível?” - você pode se perguntar. Consumidores não
querem que marcas sejam pessoas. Em uma pesquisa da CEB Survey realizada no ano
passado, descobrimos que somente 23% dos clientes possuem relacionamento com
marcas – e eles já são fãs da marca em questão. O resto não está interessado em
uma relação, independentemente de gostarem da marca ou não.
“E todos aqueles fãs do
Facebook?” – você pergunta. Eles pedem descontos e ofertas (61% e 55%,
respectivamente), não para conectarem-se ou fazer parte de uma comunidade. As
pessoas querem interagir com marcas como as entidades comerciais que elas são,
não como entidades humanas que divulgadores gostariam que fossem. Estratégias
típicas de compromisso ou têm pouco impacto ou são chatas para a maioria dos
consumidores. Claramente, não é a melhor opção de retorno sobre
investimento.
No mesmo estudo da CEB,
descobrimos uma epidemia de indecisão, troca de marcas e atrito entre clientes
fazendo compras: 70% adiam a decisão pela marca até o ponto da compra e 20%
continuam a pesquisar produtos depois da aquisição. A maior culpada por
estereótipos de comportamento é a sobrecarga cognitiva – condição na qual
consumidores absorvem tanta informação, que são incapazes de tomarem uma
decisão precisa. A estratégia de marketing de imitar pessoas – e destilar conteúdo
para direcionar o engajamento da marca – pode levar à sobrecarga cognitiva do
consumidor. Isto não ajuda.
O perigo das marcas “humanas”
com base no relacionamento e focadas no engajamento é mais aparente quando se
olha o interior da organização do marketing. Para fazer marcas mais receptivas,
engajadas e humanas, os líderes do marketing correram atrás de certos tipos de
empregados: ágeis, conhecedores de tendências, habituados ao digital, ativos e
com forte vontade de experimentar.
Se não pela humanidade, então,
pelo que as marcas devem lutar?
Lute para ajudar consumidores a
simplificarem suas vidas barulhentas. Facilitar conselhos honestos
consumidor-a-consumidor e tornar a compra o mais simples possível
possibilitarão mais boa-vontade do que um milhão de atualizações engajadas no
Facebook.
Redirecione o marketing para
objetivos de longo prazo. Use medidas saudáveis para o consumidor – como
fidelidade, divisão de carteira e desenvolvimento individual do cliente – para
avaliar a marca e seu desempenho funcional. Evite transações métricas típicas
de plataformas de mídias sociais.
Contrate pela habilidade de
focar em poucos e importantes objetivos. Traga uma equipe que supera
distrações, recuos ou longos períodos sem feedback, em vez de contratar
divulgadores ágeis, enérgicos e habilidosos na área digital.
* Corey Mull é analista sênior da CEB
Tradução Isabella Lessa
Tradução Isabella Lessa
(Via meioemensagem.com.br)
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