Negociadores
da Argentina e do Brasil avançaram ontem em um acordo inicial para destravar
barreiras a produtos mais sensíveis da pauta comercial, apurou a Agência Estado
junto a fontes de ambas as delegações.
"Há um
avanço moderado para acelerar, na próxima semana, a entrada de bens nos casos
em que as barreiras provocam maiores problemas, como a carne suína, minérios,
máquinas agrícolas, têxteis e calçados, do lado brasileiro. E carros, vidros,
azeitonas, azeite de oliva, maças, peras e queijo, do lado argentino",
disse uma das fontes ouvidas.
O objetivo
do governo brasileiro é o de chegar a um acordo geral, sem limitar a negociação
por produtos isolados, em detrimento de outros. "O governo brasileiro não
fala de um ou outro produto, mas de toda a pauta comercial bilateral que hoje
está sob o regime das DJAI argentinas", esclareceu uma alta fonte oficial
referindo-se às Declarações Juramentadas Antecipadas de Importação, que se
equivale a licenças para todas as importações na Argentina.
Os técnicos
aproveitam o marco das reuniões preparatórias da Cúpula dos Presidentes do
Mercosul, que se realizam desde a última segunda-feira na cidade argentina de
Mendoza, para manter discussões bilaterais com vistas à dinamizar o comércio,
que vem caindo desde fevereiro, quando a presidente Cristina Kirchner endureceu
as barreiras às importações.
O Brasil
respondeu com medidas burocráticas similares.
Liderada
pela secretária de Comércio Exterior do Ministério de Desenvolvimento,
Indústria, Comércio Exterior (MDIC), Tatiana Prazeres, a delegação brasileira
tenta chegar a um acordo geral com a Argentina. "Houve um compromisso por
parte da chefe da delegação argentina, Beatriz Paglieri (secretária de Comércio
Exterior), de fazer gestos de boa vontade e ficou acertado o prazo de uma
semana para que as licenças mais travadas comecem a ser liberadas", disse
uma das fontes que participou das duas reuniões bilaterais.
As fontes
revelaram que as conversas iniciais foram em tom elevado e que o Brasil
endureceu sua postura na mesa de negociação. Os argentinos tentaram impor ao
Brasil uma agenda de abertura do mercado brasileiro para uma série de produtos.
Os negociadores brasileiros não aceitaram exigências impostas e cobraram da
Argentina o cumprimento de promessas. As negociações prosseguem hoje.
Fonte: Estadão